A Hipocrisia

De todas as falhas humanas, a hipocrisia é a mais maléfica. Porque ela constrói uma rede social invisível, onde todos se conectam em acordo com padrões e condutas, baseada numa receita de bolo criada por alguns outros hipócritas, onde essa receita de bolo eles conceituam de moral.
O outro grande mal da hipocrisia é que se estabelece que essa rede social invisível é a regência, porque supostamente quem a sustenta é um Deus, a quem todos devem obediência. Então, esta é a lei e a única verdade, a quem todos devem seguir sem questionar. E se você questiona, provavelmente você está louco ou com algum transtorno.
Bom, não sei exatamente porque resolvi falar dessa espécie, que é o hipócrita.
Na verdade, pensei nas coisas do coração, pensei em quanta ignorância existe por aí, e pessoas inflando esta ignorância e batizando de suas razões. O quanto elas, sem absolutamente nenhuma razão, inflam-se, traem, ferem, mentem…em nome destas suas razões, as vezes tão estúpidas, que não se consegue perceber que, no momento em que você ostenta “ter uma razão”, você já abandonou a Verdade.
Aí eu pergunto: Se não é verdade, deverá ser mentira, e sendo mentira, a quem interessa?!
Em torno da verdade, e na verdade, não existe amor onde não existir o atributo da coragem. E essa é a falha no sistema dos hipócritas, talvez “a lei” invisível que os regem, seja uma ótima versão pirata do que realmente seja a Lei, ou Deus, como quiserem chamar, mas o que falta nessa versão pirata, é a coragem. Pois, onde não existe coragem, o amor é uma mera abstração vazia, uma ilusão, uma projeção, ou sombra. Porque o amor não consegue permanecer em um coração covarde.

Quem é Deus?

Essa foi a pergunta que minha psicóloga pediu que eu respondesse. Na verdade ela me fez essa pergunta, por haver um conflito dentro de mim sobre dois entendimentos sobre quem Ele é. Então, ela me propôs que eu escrevesse sobre estes dois Deus que entravam em conflito entre minhas crenças.

O Deus antigo, no qual eu acreditava, não era bem uma figura humana, ou um ser que possa se definir numa forma, para mim Deus era, e é, a energia que permeia tudo que existe. Essa energia está em tudo, na forma de pensamentos, de sentimentos, emoções, do pulso da vida, da fé, do instinto, presente em todos os seres, que cria e vibra como um todo, criando e realizando . Essa minha ideia ou definição sobre ele não mudou muito, ainda penso que Deus seja isso. Porém, o conflito achei sobre um fator, que de fato mudou ou muda  tudo. Esse fator diz respeito a Justiça e a Verdade.

Se analisarmos o que de fato significa a Justiça, em qualquer aspecto, vamos ver que a Justiça é um processo de encontro com a verdade. Se pensarmos no âmbito humano, teremos sempre dois lados, em conflito, num processo para uma verdade, que retorne a justiça para ambos os lados.

Para mim, a Justiça divina era algo semelhante, como um processo, ou um movimento, do cósmico ao ser, ou do Todo, para uma síntese em direção a Verdade. A verdade que está nos seres, na natureza e em todo o universo, como um núcleo puro da energia vital, da existência. Esse movimento, ou processo no qual fazemos parte é uma resultante ou a soma da energia que chamamos de Deus.

Bem, o que mudou na minha concepção, foi que eu vi esse Deus, ou essa energia de movimento criadora, ou como se diz na forma bíblica, o Verbo (ação),  não tem um compromisso com a Justiça, ou em outras palavras, essa Verdade, para o qual tudo caminha, não diz respeito a um movimento que se relacione  com uma Justiça divina.
Talvez eu não creia mais que a Verdade passe por uma Justiça divina. Ou talvez eu não creia mais numa justiça divina. Isso abalou todas minha estrutura de crenças.
Penso que essa Verdade é apenas a ponta de um feixe de luz, apontando para o infinito, que segue, flui, em velocidade, em movimento, sem conter em si mesma, qualquer julgamento de valor, nem do que é bom, nem do que é mau, nem do certo ou errado. Apenas a essência criadora para tudo que existe,  do vir a ser.

E tendo essa premissa como a Verdade cruel da nossa existência, consequentemente o futuro, ou nosso destino não é nenhum paraíso, ou um inferno, ou pode ser um ou outro, porque na Verdade o vir a ser, será o resultado daquilo que somos e fazemos. A energia que se move, ou o Verbo, será a ação no sentido do que tornamos, e nossa realidade será sempre a Verdade concretizada, realizada a partir da resultante de todo o processo no qual existimos.

Natureza do Ser

Outro dia li a frase: “Amor sem sabedoria é cego”. E essa afirmação veio de encontro a outras reflexões. A maioria das pessoas atribuem ao amor aquilo que é do desejo. Pensam o amor como aquilo que dedicamos ao outro, mas isto é uma ilusão de ótica. Amor é o que fica em nós, e nos transforma. O amor é a alquimia da alma, é a nossa energia em vibração. Se amo, envolvo meus pensamentos e meus sentimentos em torno da ação, em torno da ideia, capto essa energia, reflito uma frequência de energia, atraio, afasto, movimento. Essa energia é atuante na formação da nossa consciência, que se eleva ao alcançar a sabedoria. Isso é o amor. Pelo outro sinto empatia, que desencadeia desejos (sejam desejos de cuidar, de proteger ou mesmo desejos sexuais) e também sinto compaixão. Mas o amor está muito mais relacionado a Sabedoria e a consciência, do que ao desejo.

Sobre o Amor

O amor é uma energia de transmutação, de transcendência do ser. Quanto mais sublimado o amor, maior será o grau de sua consciência sobre si mesmo e sobre a coletividade. A vulgaridade em que se coloca o amor é proveniente da ignorância da natureza deste. Não se ama ninguém. Pode se desejar alguém, admirar alguém, desejar o bem, mas amar não é exatamente uma constante da ideia em que se envolve a natureza do amor. Quando a religião prega “Amar a Deus sobre todas as coisas”, a religião transforma em lei ou regra o que é da natureza do amor, a transmutação e a transcendência. O amor é uma ideia e esta ideia se desdobra em bens para o ser humano, como por exemplo a generosidade, a compaixão e a sabedoria. Quando se diz eu amo alguém, na verdade o sentimento é desejo. Amor enquanto  ideia é admiração e contemplação, jamais terá nele a intenção de posse ou de possuir tal coisa. Somente o amor altruísta, um estado de não-querer, de não-ação, se tem um vislumbre do amor, mas mesmo neste caso o amor se transmuta para um bem, generosidade ou compaixão ou pelo desejo de se querer bem, desejar a felicidade de alguém ou de uma coletividade.
Platão idealizou o amor, porque o amor é de fato uma ideia, e a partir dela idealizamos o amor. Na verdade, eu diria, ame a si mesmo e o outro como a ti mesmo, que se traduz, tenha o amor para ser transformado e para transformar, pois é este o papel do amor, da transformação. Como na alquimia, o amor seria o ingrediente fundamental para transmutar os metais em ouro, ou seja, o amor transmuta nosso ser para um ser de luz. Quando se limita o amor a um outro único ser, como ideia mesmo, ou a alguém do sexo oposto, na verdade se está podando o seu ser de todo seu potencial transformador e de realização na sua totalidade.
Se você tem alguém que ama muito, na verdade, esse amor tem que ser traduzido em liberdade e desejo de realização plena para este alguém. Amor é sempre sinônimo de liberdade e não se pode dizer que se ama alguém com intenção de possuir, no sentido de limitar o Ser do outro. No entanto amor é compartilhar, e nessa sua característica é que podemos compartilhar com outro alguém nossos desejos.
Uma relação de amor onde a liberdade não prevalece existirá sempre a sombra do poder, e onde existe poder de um sobre outros, o amor míngua, perdendo seu caráter transformador e retornando ao seu estado de ideia. O que permanece é uma relação de poder, de posse, de desejo e de projeção de sombras.
Mas alguém pode dizer “Mas eu amo meus filhos”, mas eu digo, amor aos filhos se transmuta no cuidado a  eles, amor é o cuidar, Cuidado é uma rotina do amor.
Não, jamais diga que ama alguém sem ter na luz de sua consciência a total compreensão do amor, do amor que é liberdade, que é generosidade, que é compaixão, que é o querer bem e a realização plena e consciente, pois esse amor vulgar do “amo porque eu sinto assim” é uma prisão, uma limitação sombria sobre a luz das ideias, que se coloca sobre aquilo que se ama.

No caminho do meio…

Andei lendo alguns livros sobre o Budismo, e em um desses livros li algo que me fez refletir. A iluminação ascensiona nosso amor e coloca a prova a nossa fé. Isso é um fato que sempre acontece com todos aqueles que alcançam a sabedoria da iluminação, e que dar acesso a uma outra visão de além da realidade sensorial. E isso acontece automaticamente, porque a iluminação é um contato com um poder maior, um poder superior, e quando tocamos esse poder, é como se sofrêssemos uma retalhação, para que não nos coloquemos em posição superior. E é essa retalhação que atinge nossa fé.  Porque neste momento sentimos que o amor de Deus não é tão complacente. Que essa verdade que adquirimos é justa, e provém daquilo que chamamos de justiça divina. E dói. A verdade dói. E nessa ferida que se cria no âmago do amor em nós, nos coloca então a prova. Até onde alcança a verdade do nosso amor? Até onde nosso amor se mantém e sustenta nossa fé, sabendo que o amor de Deus nos fere tão profundamente por  não aceitar tudo aquilo que fazemos ou deixamos de fazer por ignorância? Então as dúvidas passam a minar nossa fé. Ficamos então frágeis, caminhando num deserto em meio as tentações. AS tentações que procuram atingir todas as estruturas de nossas crenças, e nisso, atingindo também a nossa segurança sobre si mesmo.
Todos os grandes mestres, em suas experiências de iluminação, sofreram com a tentação. Jesus Cristo foi tentado no deserto, Buda também sofreu com a tentação, e é sempre assim. Então, o que devemos fazer para não nos deixarmos cair, cair em tentação, cair em depressão?
Nesse momento o amor não poderá mais nos salvar, a iluminação já foi uma condição dada pela verdade do amor dentro de nós. Ou seja, para se ter alcançado a iluminação o amor que se tinha necessariamente era um amor verdadeiro, altruísta, então o enfoque não é mais sobre como se ama, ou o que se ama. Amar a Deus não nos salvará nessa hora, até porque, como eu disse o amor de Deus não é complacente e não nos salva de nossa provação pelo simples fato de ama-lo acima de tudo. Então,  é unicamente uma prova da nossa fé, uma prova para se saber aquilo que sustentamos em nossas crenças, aquilo que se acredita com toda nossa verdade, com toda a verdade do mesmo amor que nos levou a luz de uma consciência superior.
Nesse processo de busca, no caminho espiritual, nessa logosofia em que nos empenhamos, o primeiro passo é a reflexão sobre o amor. Que valores eles nos cria? Que amor nós temos cultivado em nosso interior? Quando alcançamos a luz total dada pelo amor puro, claro, luminoso, então entramos na segunda etapa do processo. Que conjunto de crenças esse amor sustenta? E até onde estas crenças nos dar a força da fé? E principalmente, a fé em nós mesmos.

O amor, os sonhos e o espírito

O espírito é feito de energia, a energia criadora que move a alma e que tem a capacidade de ser qualquer coisa, ter qualquer forma, assim como Deus, pois o espírito é sua imagem e semelhança.
A energia do espírito é essencialmente feita de amor, e do amor gera pensamento, que contém em sua natureza todas as virtudes  e conteúdos divinos, como a bondade, a justiça, a compaixão, etc…estes conteúdos são características do amor puro, do amor altruísta e são inerentes a ele.
Não se alcança o espírito sem este amor, assim como não se pode ter este conteúdo sem o espírito.
Na busca interior de cada um, os sonhos são sempre as mãos que nos molda, assim como são os sonhos que nos dizem quem somos e como somos, mas quando se fala de sonhos, temos em mente sempre os sonhos que vivemos durante o sono, porém os sonhos vão além disso.
Toda criança sonha, imagina, mesmo estando desperta, cria suas fantasias como realidades oníricas, isso quer dizer que os sonhos estão presentes em nossas vidas mesmo estando acordados. Dormindo estes sonhos nos mostram a nossa realidade, seja ela interior, ou mesmo exterior, quando estes sonhos alcançam um outro estágio, o estágio da nossa criança interior, do espírito.
Por isso devemos encarar nossos sonhos como uma realidade criada e que se cria puramente pelo nosso movimento, interno ou externo. Se uma criança sonha ou fantasia mundos imaginários, seres encantados, estas fantasias serão moldes da sua realidade. Se esta realidade para a criança refletem medo ou dor, então deve-se trabalhar observando que imagens esta criança está associando a estes sentimentos, pois na realidade do espírito o mal não existe, assim como a dor e o sofrimento são encarados como um aprimoramento de si mesmo.
Os sonhos e as fantasias são alimentos para a alma, pois a alma é movida pelo amor e é o amor que cria asas para a imaginação. Matar os sonhos e as fantasias é também matar a si mesmo, ou cortar as asas da alma, tornar o amor algo pesado, e cada vez mais um sentimento ligado ao Ego, aos desejos egoístas, aos desejos sexuais, à matéria.

A fé e o amor

O amor verdadeiro é o amor por Deus acima de todas as coisas. Quem ama a Deus acima tudo, coloca sua vontade soberana sobre os desejos do Ego, e dessa forma entrega-se ao seu próprio destino.
O destino de cada um está guardado em si mesmo, no espírito, nosso Deus interior, amando a Deus acima de tudo, ama-se a si mesmo, pois somos sua imagem e semelhança. É esse amor que se constrói a fé, a fé independente da religião que se tenha, a fé pura e crua.
A fé é a certeza num poder maior que governa tudo na natureza, esse poder que sintetizamos na imagem de Deus. E tudo na natureza se move pela energia do amor, se direcionamos o amor a Deus, todo nosso movimento e o movimento em nossa volta se faz em sincronicidade com esse poder superior. E assim caminhamos sobre nosso destino.
A religião é uma forma de se alcançar a fé, porém isso só se consegue quando a procuramos com o coração, quando este já possui em si o amor verdadeiro, altruísta, assim a religião serve como um guia para a formação da nossa fé.
A Espiritualidade existe mesmo sem que o indivíduo siga qualquer religião, pois nós somos feitos a partir do espírito, conectar-se com essa força dentro de nós mesmos é construir nossa espiritualidade, e isso é o bastante para se obter a clareza sobre Deus, sobre o amor, e tendo esta clareza sobre tudo, a fé é alcançada pela observação ou percepção de um poder maior em nossas vidas.

O Amor e o Pensamento

O Amor é o que nos torna sublimes,  é o que aproxima a alma do divino. O pensamento alimentado por esse amor é o que é sublimado em nós, e nos faz seguir todos os valores puros do espírito. Com o amor nosso pensamento compreende tudo aquilo que é divino, enxerga todo o conteúdo espiritual contido em qualquer mensagem de Deus, seja qual for a religião, seja qual for a filosofia ou pensamento expresso pela palavra, o amor está contido na sua forma, e compreendendo esse amor em nós mesmos, podemos também compreender todas estas formas como uma unidade, onde toda a verdade está contida.
Amar é um calor que se sente na alma transmutando tudo aquilo que é pesado, material. É uma energia que se sublima a si mesma e ao pensamento.
É a essência divina, que chama, que nos eleva para o alto e ilumina a tudo como um sol. É o fogo, que deve acender primeiramente o pensamento em torno daquilo que é eterno. Quando acende primeiramente as paixões nos queima a alma numa perda de conteúdo e de Tempo.
As paixões devem ser uma consquência do conteúdo divino, do amor sublimado, do pensamento puro e criador em si mesmo em torno da verdade sobre nós e sobre tudo.  Amar como se quer ser amado é como aprendemos sobre o amor. Amar a Deus sobre todas as coisas, é vê-lo em igualdade, como se ele fosse nosso reflexo no espelho, assim se sublima o amor e o tornamos energia pura espiritual nos movimentando num caminho de luz e eternidade.

Mediunidade

A mediunidade é uma faculdade inerente a todo indivíduo. Nosso inconsciente individual está inserido no inconsciente coletivo, e quando chegamos a nossa individualidade, a nosso si mesmo, esse passa a ser nosso conteúdo individual. Quando amamos o outro em si mesmos misturamos nosso sentir ao sentimento do outro, assim assumimos o seu conteúdo individual. Assim, nossa luz interior, contida em nosso si mesmo, em nosso conteúdo individual, acende-se no inconsciente coletivo de forma a atrair pensamentos que se afinam com  aquele sentimento sentido em nós mesmos, que corresponde ao conteúdo individual do outro. Ou seja, ao sentirmos o outro em si mesmos assumimos seu conteúdo individual e nossa luz interior, de nosso Deus interior, acende aquele conteúdo no inconsciente coletivo e atrai outros conteúdos pelo princípio semelhante atrai semelhante, e ao atrairmos esse conteúdo, é sentido em nossa ânima, nosso sentimento,  e o pensamento deste poderá ser refletido em nosso pesamento, em nosso ânimus. Assim a mediunidade se dar por reflexão do conteúdo inconsciente individual de outro em nosso próprio  sendo projetada em nosso espaço consciente, em nossa consciência através do pensamento, e se materializa pela fala, pela escrita, na visão, etc…Portanto, a mediunidade é a reflexão de outra alma em nossa própria alma, sendo sentida em nossa ânima (nosso sentimento) e projetada pelo nosso ânimus(nosso pensamento).
O espírito é nosso self, que reflete a nossa alma, quando nos individualizamos somos guiados por ele, e nos tornamos ele mesmo, nós mesmos, nossa totalidade individual.

O amor de Deus em si mesmo

O amor é um sentimento e representa o feminino. Assim como tudo é dual na natureza, assim como Deus é masculino e feminino, e também em nossa alma.
O amor primeiramente deve ser a Deus, que é o próprio amor, amar o próprio amor é ter amor próprio. O amor que a gente cria em si mesmo é o amor que encontraremos em nossa vida. Deus ama de todas as formas, porque Deus não tem forma nenhuma, Ele é o próprio amor, por isso só sabe amar. Quando se ama o próprio amor, se ama a Deus. Amar a Deus não é uma servidão, é olhá-lo com igualdade, olhar o outro com igualdade, pois Deus assim como o outro,  são imagem e semelhança de si mesmo. Então se todos somos feito do mesmo amor, não existe diferença, ninguém é melhor, nem pior, ninguém é totalmente bom, ninguém é totalmente mal. Esse é o caminho do meio, que fala o Budismo. É andar no equilíbrio, andar numa linha limitante entre o eu e o mundo, entre o eu e o outro, que é respeitando o tempo e o espaço do outro, e respeitar significa amá-lo da forma que é, que sente e pensa. O caminho do meio é andar no meio termo de tudo.  Se amamos o amor sempre teremos Deus acima de nós, porque Ele é a fonte criadora desse amor, é Dele que emana toda a luz do amor. Amá-lo acima de todas as coisas, não significa vê-lo acima de todas as coisas, porque se o vemos acima de todas as coisas, estaremos nos colocando abaixo. Devemos amá-lo acima de tudo, porém devemos enxergá-lo em igualdade a nós mesmos, pois se somos sua imagem e semelhança, vê-lo em igualdade é como ver a si mesmo diante do espelho. O amor é a igualdade, e é esse que deve ser  nosso olhar. É o equilíbrio entre os opostos. E o equilíbrio entre nós e Deus, amá-lo acima de tudo, porém vê-lo em igualdade a nós mesmos. Com esse olhar podemos nos igualar também ao outro, e assim amá-lo como amamos a si mesmos.    O amar o outro é antes de mais nada, o querer bem, querer bem ao outro,  desejar o bem ao outro, desejando o bem ao outro e vendo-o em igualdade, estaremos amando-o como amamos a nós mesmos. Ajudar o próximo não é dar esmola, ou fazer doações de coisas materiais, ajudar o outro é dar tempo ao outro, pois dando-lhe tempo estamos nos doando e nos doando ao outro podemos entendê-lo, sentí-lo e assim ajuda-lo da forma que ele precisa ser ajudado. Muitas vezes doamos dinheiro, coisas materiais como uma forma de nos livrar de algum peso de consciência, mas esse peso de consciência não se tira doando coisas materiais, não dissolve nessa atitude ilusória sobre a prática do bem, não se essa prática não for de forma consciente, ou seja, sentida e pensada. Esse peso de consciência é muitas vezes a falta de consciência sobre o próprio amor. É uma falta de reflexão sobre si mesmo, sobre o amor em si mesmo, sendo projetada de forma vazia e inconsciente.
Doar tempo a si mesmo é refletir sobre si mesmo, sobre o amor em si mesmo, é assim que caminhamos de encontro com Deus e nos tornamos conscientes a respeito do amor em si mesmo, assim podemos doar também tempo ao outro, refletindo o amor no outro e podermos ajuda-lo da forma certa, consciente, naquilo que ele realmente precisa de ajuda.